Asma: Entenda a Classificação

Subir escadas lhe tira o fôlego? Bater uma bola com os amigos parece impossível? Andar de bicicleta já não faz mais parte da sua rotina? Quem tem asma não pode ser conformar. Com tratamento e controle adequados, a pessoa que tem asma pode viver sem sintomas.1-3, 16

O PRINCIPAL OBJETIVO DO MANEJO DA ASMA É CONTROLAR A DOENÇA.3

O tratamento da asma tem por objetivo atingir e manter o controle da doença, para que o paciente não sinta os sintomas, possa levar uma vida sem lembrar que tem asma e prevenir riscos futuros (como o risco de ter uma crise, de não ter a doença controlada de forma estável, de perder função pulmonar e ainda de efeitos adversos do tratamento)1

Isso implica em uma abordagem personalizada, incluindo, além do tratamento farmacológico (com medicamentos), a educação do paciente, o treinamento do uso do dispositivo inalatório e a revisão da técnica inalatória a cada consulta, e o acompanhamento do paciente pelo médico8

Um dos pontos importantes para se chegar ao objetivo do tratamento, é saber qual é o grau de gravidade da asma. Ela pode ir de leve a grave, e os tratamentos de cada etapa de tratamento são diferentes.1

O GINA, uma das maiores e mais respeitadas diretrizes para o tratamento da Asma no mundo, classifica a gravidade da doença dependendo da quantidade e dose de medicações que conseguem levar o paciente ao controle da doença. Essas etapas vão de 1 a 5.1

  • Asma leve: é bem controlada com a etapa 1 ou etapa 2 do tratamento, ou seja, baixa dose diária de corticosteroide inalatório (CI) ou baixa dose de CI-formoterol, conforme necessário.1
  • Asma moderada: asma que está bem controlada com a etapa 3 do tratamento, ou seja, baixa dose de CI e beta-2 agonista de longa ação (LABA). Ou etapa 4 com média dose de CI e LABA.
  • Asma grave: asma que requer etapa 4 ou etapa 5 de tratamento, ou seja, altas doses de CI/LABA, podendo ter uma terceira medicação de controle, para impedir que se torne não controlada ou a asma que se mantém não controlada apesar deste tratamento.1

Seu médico irá avaliar o grau de controle da asma com base em questionários padronizados. Três deles são os mais frequentemente usado:

  • Questionário de controle da asma do GINA (Global Initiative for Asthma)1
  • Questionário de Controle da Asma29
  • Teste de Controle da Asma.30

Esses questionários levam em consideração a presença ou a frequência de: sintomas diurnos, despertar noturno por asma, uso da medicação de resgaste (utilizada nas crises de asma), dificuldade para realizar atividades, chiado no peito, alteração no exame de função pulmonar e falta de ar. Ou seja, permaneça sempre atento a essas possíveis alterações e sempre informe seu médico. O diálogo aberto com seu médico contribui para que ele possa adequar o melhor tratamento para que você fique com a asma controlada.

Um paciente bem controlado:14

  • apresenta pouco ou nenhum sintoma
  • não acorda durante a noite devido a sintomas como chiado e tosse
  • não se ausenta do trabalho ou escola devido a sintomas da asma
  • apresenta pouca ou nenhuma limitação a atividade física
  • não precisa de Pronto Socorro ou internação
  • não sofre efeitos colaterais dos medicamentos para asma

Já a classificação de acordo com os agentes causadores se divide basicamente em duas categorias: asma alérgica (ou atópica) e asma não-alérgica (ou não-atópica). Dentro dessas duas categorias enquadram-se ainda alguns outros tipos mais específicos.

A asma alérgica é o tipo mais comum de asma. Geralmente tem início na infância, tende a melhorar na adolescência e volta a piorar na idade adulta. Está comumente associada ao histórico familiar para doenças alérgicas e, na maioria dos casos, seus portadores também apresentam outras manifestações alérgicas, como dermatite atópica ou rinite (a chamada tríade atópica), ou ainda alergia a medicamentos.1

É desencadeada pela inalação de agentes irritantes, tais como pólen, pelos de animais, poeira, ácaros, baratas ou mofo, por exemplo.1,10

Asma não alérgica: é desencadeada por situações ou substâncias não alergênicas, como ar seco, clima mais frio, cigarro — tanto para fumantes ativos quanto passivos — perfumes, estresse, ansiedade, e também existem casos associados a condições como obesidade, gravidez, hipertireoidismo e refluxo gastroesofágico.1,12

Asma sazonal: desencadeada por gatilhos como pólen e clima (muito seco, muito frio), esse tipo de asma se manifesta apenas em determinados momentos do ano.

Asma induzida pela atividade física: existem algumas pessoas que apresentam sintomas da doença quando praticam exercícios ou fazem grande esforço físico. Essa modalidade é particularmente comum em crianças e adolescentes, interferindo em suas atividades escolares e recreativas. As crises podem ser evitadas com o uso de broncodilatadores antes de iniciar a atividade.9,12

Asma de início recente em adultos: alguns adultos, particularmente do sexo feminino, têm seus primeiros episódios de asma na vida adulta. Normalmente, a asma nesses pacientes tende a ser do tipo não alérgica, e pode estar associada a obesidade, tabagismo, hormônios femininos.1,10

Asma ocupacional: O trabalho envolve, com frequência, exposição a fatores de risco para asma. No local de trabalho o paciente pode se expor a agentes causadores como, por exemplo, produtos químicos, tintas, solventes, agrotóxicos, pelos de animais, serragem, farinhas, etc.. Normalmente os sintomas desaparecem quando o indivíduo não está no trabalho.2,9,1

O conhecimento sobre a causa da asma foi ampliado nos últimos anos com a identificação de uma nova inflamação específica: a inflamação Tipo 2.31

Os pacientes com asma são divididos segundo o novo conceito de perfil inflamatório em:

  • Inflamação Tipo 2: engloba os pacientes com asma alérgica, eosinofílica, mista (eosinofílica-alérgica), asma induzida por exercício físico e doença respiratória exacerbada por anti-inflamatório não esteroidal.23,24
  • 50 a 70% dos pacientes com asma tem inflamação tipo 2.23,24
  • Inflamação não Tipo 2: asma neutrofílica, asma associada ao tabagismo, asma paucigranulocitica e asma associada a obesidade.

Esta caracterização de pacientes com Inflamação Tipo 2 ou não-tipo 2 é particularmente importante nos pacientes com asma grave, pois determina os tratamentos possíveis e predição de resposta.

Excesso de peso: a obesidade aumenta a incidência e a prevalência de asma2, mas alguns outros sintomas respiratórios associados com frequência à obesidade, como apneia, podem mascarar a asma.1 Além disso, a obesidade dificulta o controle adequado da asma.2

Gravidez: a asma influencia e é influenciada pela gravidez e é a doença pulmonar mais comum entre as gestantes.2 Embora parte das grávidas asmáticas obtenha uma melhora em sua condição, cerca de 1/3 delas experimenta uma piora nas crises durante a gestação. Deve ser tomado como alerta o fato de que metade das mulheres que segue um tratamento preventivo para asma deixa de fazê-lo durante a gravidez, o que pode resultar em um risco, para a mãe e para o bebê, maior do que o uso de medicamentos para seu controle.2

Hipertireoidismo: O hipertireoidismo pode exacerbar a asma e produzir sintomas que reproduzem os efeitos adversos de alguns medicamentos utilizados no tratamento da asma.12

Refluxo gastroesofágico: de 45% a 65% das crianças e adultos com asma sofrem de DRGE (doença do refluxo gastroesofágico), muitas vezes como efeito colateral do uso de alguns medicamentos para asma.12 Em pacientes com asma não controlada a prevalência de refluxo tende a ser ainda maior.2 Frequentemente a DRGE é assintomática em asmáticos, mas pode estar associada especialmente aos sintomas noturnos, como tosse e chiado. O tratamento da DRGE nesses pacientes pode reduzir suas crises de asma.12

Rinite, rinossinusite e pólipos nasais: Nas crises de asma, é importante observar se há a presença concomitante de outras doenças de vias aéreas superiores, que podem dificultar o controle da asma e influenciar negativamente a progressão do quadro.2,12

Stress, ansiedade e depressão: São fortes as evidências da relação entre stress, ansiedade, síndrome do pânico, claustrofobia e/ou agorafobia e asma. Estima-se que 10% dos asmáticos graves tenham depressão, a qual, por sua vez, leva a uma baixa percepção dos sintomas, dificulta a adesão ao tratamento e o controle da asma.2

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MAT-BR-2302123 – Maio/2023